Por Fabio Ramos
Antes e depois dos jogos de futebol, principalmente nos clássicos, ocorrem confrontos violentos entre torcidas organizadas, manchando o espetáculo que é esse esporte tão tradicional no Brasil. No último domingo, as torcidas Mancha Verde, do Palmeiras e Gaviões da Fiel, do Corinthians, se enfrentaram antes do início da partida, na Avenida Inajar de Souza, na Zona Norte de São Paulo, resultando em duas mortes de torcedores alviverdes, sem contar com outros dois torcedores internados, um de cada time. Até quando essa palhaçada vai continuar?
Essa, com certeza, não será a última vez que acontecerão brigas entre torcidas, principalmente pelo fato de os esquemas de seguranças feitos pela polícia serem ineficientes, assim como a falta de atitude do Governo e dos cartolas do futebol. Anunciaram que irão banir as duas torcidas organizadas do estádio, o que mostra o quão despreparado é essa prevenção de violência. De nada adianta impedir que os membros da torcida entrem nos estádios com seus uniformes e bandeiras, isso dificultaria ainda mais a identificação dos indivíduos. O problema não é dentro dos estádios, mas sim fora deles.
A questão a se debater não é a organizada em si, e sim quem faz parte dela. Já há planos para uma possível vingança da torcida palmeirense, que pretende, em conjunto com uma torcida uniformizada do Vasco, sua aliada, armar uma tocaia para os corinthianos, quando estes forem jogar no rio, em partida contra a equipe cruz-maltina pelo brasileirão.
Já cansou, esses imbecis que se proclamam verdadeiros torcedores não podem andar em liberdade. O futebol é para ser uma diversão para a população, não um campo de guerra alimentado pela rivalidade entre vândalos. Chega a ser estúpida e decepcionante a barbárie que se instala nas cidades brasileiras, com tristes mortes por algo tão divertido e alegre como é o esporte.
Que tal seguir o exemplo da Inglaterra, onde os números de violência entre os famosos hooligans, diminuiu drasticamente? Biometria facial, que permite a identificação dos envolvidos, criação de uma legislação específica para esse tipo de crime, registro de cada torcedor pela polícia, assim como câmeras espalhas pela cidade foram as principais medidas adotadas responsáveis pela segurança pública na terra da Rainha. Apesar de o hooliganismo inglês ser em maior escala que o brasileiro, essas medidas radicais poderiam ser implantadas em nosso país, senão, ainda teremos, infelizmente, casos como o Desastre de Hillsborough, onde um jogo entre Liverpool e Notingham Forest, teve 96 mortes, ou como os acontecimentos recentes no Egito, em que 74 pessoas morreram após uma batalha campal.
Em entrevista ao jornalista da ESPN, Paulo Vinícius Coelho, o tenente-coronel Carlos Celso Saviolli, comandante da Polícia Militar dos estádios, afirmou que a prevenção foi feita na medida do possível e que os policiais têm um mapa da cidade que aponta os locais mais propícios a confrontos. Ao afirmar que a briga que culminou na morte de dois torcedores não tinha como ser evitada, sendo que a avenida onde ocorreu a batalha é um dos pontos preferidos desses vândalos, o comandante está mostrando o quão ineficiente é a ação policial. No local estavam presentes apenas duas viaturas, que nunca dariam conta de 500 a 1000 homens violentos, com pedaços de pau, bombas e armas de fogo, apesar disso, enviar um contingente de policiais maior parece ser impossível, na visão de Saviolli. Uma investigação profunda nas redes socias também é necessária, pois a grande maioria dessas brigas são marcadas nelas.
Na Inglaterra, a pena por esses crimes pode chegar à cerca de dez anos de exclusão dos campos, apesar disso, as prisões são raras. A polícia prefere banir a prender por pouco tempo. De acordo com dados da Football Banning Orders, 3.173 torcedores estão banidos dos estádios, enquanto em São Paulo, a FPF confirma que apenas 27 pessoas foram punidas. Quando a segurança pública brasileira vai acordar? Serão necessárias mais mortes para que se tome uma atitude realmente eficiente? Ah, se fosse na terra da Rainha...