sexta-feira, 25 de maio de 2012

E tem gente que não gosta de basquete!


Por Fabio Ramos
Os 16 anos afastados dos Jogos Olímpicos não foram um acaso. O basquete masculino brasileiro, bicampeão mundial em 1959 e 1963, viveu dias difíceis na virada do século. Insatisfação com a administração da Confederação Brasileira de Basquetebol (CBB), tentativa frustrada de criar uma liga, campeonato nacional interrompido judicialmente e até hoje sem definição e boicote de clubes ao torneio da CBB. Este era o cenário da modalidade em meados dos anos 2000.
A trajetória do outrora segundo esporte mais popular do País (perdeu o posto para o vôlei) começou a mudar em dezembro de 2008. Na ocasião, foi fundada a Liga Nacional de Basquete (LNB), que reuniu os principais clubes do Brasil para criar o Novo Basquete Brasil (NBB), campeonato organizado em parceria com a Rede Globo e com a chancela da CBB.

Em sua quarta temporada, o torneio avança tecnicamente – sete dos 12 jogadores da seleção brasileira que conquistou a vaga para Londres 2012 disputam a competição – e também do ponto de vista de marketing. A marca NBB foi licenciada em parceria com a Globo Marcas e o Jogo das Estrelas, evento festivo que acontece em 9 e 10 de março, em Franca, será transmitido ao vivo pela TV aberta – assim como a final da liga.

Pode-se dizer que o NBB é uma faísca disfarçada de explosão, e que fez renascer o basquete nacional. Mas nesse tempo todo, quantos atletas foram desperdiçados? Aliás, quantas crianças e jovens deste imenso Brasil não têm acesso à prática do esporte? O desperdício de futuros atletas é assim como outros desperdícios na natureza: a água, as terras, a poluição do ar que respiramos. Desperdiçar gente, material humano, me parece ainda mais dramático, devido à falta de educação e de oportunidade.

Mas, vamos falar de coisa boa! Nesta sexta, tive o prazer de assistir um jogo fantástico de basquete, onde a equipe do Pinheiros, mesmo sem um de seus melhores jogadores, Shamell, que se recupera de cirurgia, e jogando fora de casa, venceu o Brasília por 109 a 105, provocando um quinto e decisivo jogo. O dono da vaga para a grande final será conhecido no domingo. A partida está marcada para as 14h, em São Paulo.

O jogo

Depois de um atraso de 15 minutos, devido a um problema no cronômetro de 24s, o jogo começou em ritmo intenso. A equipe paulista dominou as ações, deu poucos espaços aos anfitriões e abriu rapidamente 8 a 0.  O Brasília não mostrava a agressividade tão característica. Errava passes, escorregava e forçava arremessos. Ficou quase cinco minutos sem marcar um pontinho sequer. A primeira cesta, para alívio da torcida, foi de autoria de Guilherme Giovannonni (8 a 2).  O Pinheiros administrava uma frente de 11 pontos e terminou o primeiro quarto sem sustos: 22 a 11.

Apesar do bom começo no segundo período (29 a 14), o time do ala Marquinhos parou em quadra. O ataque desandou. E o Brasília finalmente despertou. Liderado por Alex, o time foi encostando no marcador. E o Brasília chegou de vez: 34 a 32. 
A bronca no vestiário surtiu efeito. O Pinheiros voltou firme e com Paulinho Boracini dando trabalho ao adversário. Agressivo como no primeiro quarto, o time paulista fugia no placar (55 a 43).  A arquibancada do Nilson Nelson começava a se calar. O atual bicampeão lutava. Da linha dos três, Rossi levantou a torcida outra vez (58 a 50). Dois lances livres cobrados por Alex, ajudaram a diminuir o prejuízo no finalzinho: 58 a 52.

O Pinheiros se segurava como podia. Figueroa ficou pendurado com quatro faltas no momento em que os donos da casa ficaram a um pontinho do empate (61 a 60). A arquibancada tentava fazer a sua parte. Vaiava Marquinhos e seus companheiros. Eles não se abatiam. Aproveitavam os ataques desperdiçados pelo Brasília para respirar e, a 2m25s, Arthur cortou a vantagem para 73 a 71.

Restando 45s, Alex, de três, levantou a torcida: 77 a 76. Olivinha foi para a linha do lance livre. Teve frieza suficiente para fazer 79 a 76. Os visitantes apertaram a marcação a 20s do fim. Mesmo assim, Alex encontrou um espaço para arremessar: 79 a 78. Bola presa, posse do Pinheiros, Paulinho Boracini sofreu falta a 9s, converte os dois lances (81 a 78). Depois foi a vez de Nezinho. Ele acertou o primeiro, errou o segundo na tentativa de conseguir um rebote. Bola presa novamente restando 2s. Com o cronômetro zerando, a arbitragem marcou falta em Nezinho para desespero do técnico Claudio Mortari. O jogo estava nas mãos do armador do Brasília. Ele suportou a pressão e levou a partida para a prorrogação: 81 a 81.

No tempo extra, o confronto seguiu equilibrado. O pivô Morro, mesmo com uma fratura no dedo mindinho da mão direita, colocou o Pinheiros na frente (89 a 87). Arthur tratou de empatar e ainda tirou Paulinho Boracini, então segundo maior pontuador do time adversário, do jogo. Ele cometeu a quinta falta. Morro também tomou o caminho do banco pelo mesmo motivo. Alex aproveitou e fez 93 a 91 para o Brasília. Os jogadores do Brasília já comemoravam. Faltavam apenas 10s. Não podiam imaginar que Giovannoni perderia dois lances livres e que Marquinhos converteria uma bola de três para virar o jogo: 94 a 93. Só que Mineiro levou os companheiros ao desespero ao fazer uma falta boba em Alex. Nova chance para o Brasília. E o capitão desperdiçou uma cobrança para alívio do Pinheiros. Seria preciso mais uma prorrogação: 94 a 94.

Mesmo sem peças importantes em quadra, o time de Marquinhos resistia (104 a 103). Tinha no ala o seu ponto de equilíbrio para lutar contra um Brasília completo.  A 1m21s, Lucas Tischer tentou parar Marquinhos e acabou cometendo falta. O cestinha do Pinheiros teve a chance de passar a frente, mas desperdiçou duas das três cobranças: 105 a 104.  Apesar da falha, a equipe não se abateu. Mineiro, de longe, arrancou a virada: 107 a 105. Brasília no ataque e...erro!  Marquinhos sofreu falta, perdeu de novo os dois lances. A última bola seria dos anfitriões. Respiração em suspenso. Alex seria o homem da decisão. A bola? Não entrou na cesta e morreu na mão do valente Pinheiros: 109 a 105. Fim de batalha. O sonho de disputar a primeira final segue intacto para Marquinhos e seus companheiros.

Informações sobre o jogo retiradas do Globoesporte.com

2 comentários:

@stehsep disse...

O basquete tem tudo pra tomar o lugar do vôlei, que na opinião de muitos só tem graça se for o da Seleção. Ótimo texto maninho e foi um jogao ! Continue assim, falar de outros esportes é difícil porque o foco hoje é no futebol, mas vc conseguiu isso mto bem !

Alessandro Souza disse...

Por causa do antigo presidente da CBB Gerasime Bozikis, o Basquete brasileiro ficou anos escondido e perdeu espaço para o vôlei. Ainda é preciso levantar a Liga Feminina, mas, felizmente o basquete brasileiro está renascendo e vai brigar por medalhas em Londres.