terça-feira, 26 de outubro de 2010

Clubes de aluguel, torcedores “despejados”?

Por Felipe Gier

Amigo blogonauta, ouvinte do NovaEsportes. E depois de dois clubes darem adeus aos seus redutos, como o Grêmio Barueri (atualmente Grêmio Prudente ou ainda Grêmio “qualquer coisa”), além do Guaratinguetá, que irá se transferir para Americana, agora é a vez da Associação Desportiva São Caetano, apelidado por muitos de Azulão devido a cores da sua camisa, time que veio para rivalizar e muitas vezes se sobrepor ao “co-irmão” e vizinho Santo André no ABC Paulista, anunciar que pode se transferir da cidade, por brigas com a prefeitura, sua atual mantenedora.

Os times de interior, exceto os mais tradicionais como Guarani e Ponte Preta de Campinas, para ficarmos nos exemplos do parágrafo acima, têm se mantido graças a parcerias de administração com as prefeituras locais, que disponibilizam um centro de treinamento, que muitas vezes é o próprio estádio da cidade, no caso de Barueri - uma Arena com condições até de ser uma sub-sede da Copa do Mundo de 2014-, acabam não mais priorizando a possibilidade de atrair um grande número de torcedores, mas sim de empresários, principalmente nos jogos contra as grandes equipes da cidade de São Paulo, pois suas intenções são muito mais de interesses comerciais, do que interesses futebolísticos ou que proporcionem algum tipo de emoção à torcida daquela região.

A questão é que estes times “pequenos” se preparam nos dias atuais muito mais para a disputa de campeonatos estaduais, fazem de tudo para colocar seus melhores jogadores nos confrontos com os times de maior repercussão, a fim de angariar verbas publicitárias aos seus uniformes, maior exposição de televisão, e possível interesse das equipes de maior expressão por seus principais jogadores com o objetivo de fecharem o caixa no azul e assim caminham ano após ano, quase que a passos largos para a falência administrativa, e obviamente futebolística, que implica um clube a menos na região e consequentemente menos torcedores, menos visibilidade da cidade em nível regional e nacional.

Nem conquistas recentes como o que ocorreu com o São Caetano no início dos anos 2000 como a chegada às finais e consequente vice-campeonato do Brasileiro em 01, Libertadores em 02, o título paulista de 04, este sob o comando do tri-campeão nacional Muricy Ramalho, além do vice-campeonato paulista de 07, entre outros feitos como a rápida ascensão no cenário nacional parecem mais despertar o interesse da prefeitura em bancar o time naquela cidade. O Barueri também obteve acessos fulminantes chegando à Série A tanto do Paulistão como do Brasileiro, ou mesmo o Guaratinguetá, que disputou as semifinais do Campeonato Paulista de 08 e já conquistou inclusive Campeonato do Interior, que é disputado por equipes de fora dos redutos da capital paulista.

O Grêmio Prudente, por exemplo, respira por aparelhos na Série A, a sete rodadas do final do Brasileiro. O São Caetano não dá a menor pinta de que poderá voltar à primeira divisão nacional, tal qual o Guará, aliás, Americana Futebol Ltda. que pelo nome completo, já mostra bem que o interesse comercial é o que impera no futebol.

Porém, mesmo com todas as dificuldades que estas equipes do interior apresentam para se manter em um nível financeiro adequado e futebolístico atraente, afinal, as torcidas geralmente são as que enchem de graça este esporte bretão, vão aos estádios e se motivam na alegria e sofrimento pelo seu time, estão ficando cada vez mais à par do interesses dos clubes nômades e itinerantes. Deixo no ar, algumas perguntas:

Por que as prefeituras investem tanto e, repentinamente resolver tirar seu “time de campo”, neste caso literalmente e fecham as portas da cidade para aquela agremiação?

Como estes clubes poderão atrair investidores, patrocinadores e até mesmo jogadores mais rodados, sem a segurança financeira necessária de que continuarão na mesma localidade nos próximos dias?

Qual o vínculo que os torcedores destas equipes terão com os respectivos times se este êxodo se tornar algo comum e generalizado?

Um comentário:

Fê Santana disse...

Felipe, tem tanta coisa no meio dessa briga Azulão X Prefeitura que você nem imagina... Uma pena.
A prefeitura quer o "terreno" de volta por causa da bizarra lei de municipalização dos clubes.
Dizem que 14 times da cidade também devolveram seus clubes para a cidade e que seria injusto só o Azulão não devolver. Acho lamentável. Nairo, presidente do time, disse "O São Caetano nasceu na cidade e não temos a intenção de tirá-lo daqui. A cidade gosta do São Caetano. Não nos passa pela cabeça sair daqui. Isso só aconteceria se um dia nos tirassem o campo".
Na minha humilde opinião, é uma briga política das grandes.
Ah, que saudade do Tortorello!