quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Razoável em campo, solução no banco?

Por Felipe Gier

Amigo blogonauta, ouvinte do Nova Esportes. Hoje é dia de falar do chefe, professor, comandante, técnico, treinador, enfim a gosto do freguês. Na semana em que Adílson Batista, que curiosamente começou o campeonato a frente do time que agora é líder da competição (Cruzeiro), foi demitido do Corinthians, nós devemos analisar se o problema é simplesmente o treinador, os jogadores, a comissão técnica, ou um todo.

Vou fazer minha análise em uma seleção do blog de esportes do R7, acessado nesta quarta-feira: http://esportes.r7.com/futebol/noticias/tecnicos-desempregados-formam-dream-team-20101013.html.Segundo o desenho do site, que me permito trazer ao leitor do blog até aqui, alguns ex-craques ou bons jogadores em campo, não conseguem ter o mesmo sucesso fora dele. Para ficar em alguns exemplos, eu cito apenas Silas, Ricardo Gomes e Adílson Batista.

Silas, que teve destaque após um ano e meio na equipe do Avaí, levando o time a uma Sul-Americana e com campanha honrosa no Brasileiro-2009, recebeu não apenas elogios, mas um convite de trabalho do Grêmio, onde não conseguiu dar jeito no time gaúcho. Por lá, ele era acusado por torcedores gaúchos de não ter a “raça” tão simbolizada pelo jeito gremista de jogar e ainda assim conquistou o Estadual e só foi eliminado pelo Santos, time “sensação” do país no 1º semestre de 2010, nas semifinais da Copa do Brasil.

Daí, Zico, outro ex-jogador, símbolo do crescimento e consolidação da torcida do Flamengo como a maior do país e dirigente do clube rubro-negro resolve demitir Rogério Lourenço, treinador das categorias de base do Fla e interino por “tempo indeterminado” entre os profissionais e o que acontece: chama Silas para a missão de resgatar o bom futebol ofensivo do atual campeão (penta ou hexa, isso é outra discussão) brasileiro, que não só não agrada a torcida como se desentende com o zagueiro Jean, titular de seu time trocando farpas, se redime de culpa por ser ex-jogador, por meio da imprensa. Depois disso, a grata revelação, que brilhou na época de atleta pelo São Paulo, fica desempregado mais uma vez e isso, após trabalhar em dois times muito tradicionais do país.

Já Ricardo Gomes, que também passou por times grandes como Flamengo e Fluminense num passado longínquo, foi resgatado ao futebol brasileiro pelo presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio. Ele chegou numa circunstância que o torcedor tricolor se acostumou nos últimos anos: fraquejar na Campeonato Paulista e na Libertadores, sonho de consumo de dez em cada dez são-paulinos e se recuperar, por três vezes seguidas com títulos no Campeonato Brasileiro.

Não foi exatamente isso que aconteceu, mas, aos gritos de “o campeão voltou”, a torcida abraçou o time, parte dos jogadores que parecia bem acomodada ao SPA Barra Funda resolveu jogar bola e quase o sonho do tetra se concretizou, mas um terceiro lugar e pelo sétimo ano seguido com vaga na Libertadores, seguraram o treinador no Morumbi. Daí, veio 2010, uma série de derrotas em clássicos regionais, a eliminação para o Santos no Paulista e para o Inter, na competição sul-americana, - este aliás, atual bi-campeão do continente- foram suficientes para derrubar RG, que ironicamente, por esta sigla, não imprimiu sua “identidade” ao clube paulista.

E agora, Adílson Batista, depois de ser muitas vezes contestado pela torcida do Cruzeiro como “Professor Pardal”, de ter levado o time das Minas Gerais ao título estadual duas vezes e ainda a uma final de Libertadores, sai por vontade própria do time mineiro. Depois desta passagem até certo ponto bem-sucedida, de uma dívida dos tempos de jogador e da responsabilidade de substituir o novo técnico da seleção brasileiro, Mano Menezes, eis que Adílson chega ao Corinthians.

No time de Parque São Jorge, ele implanta um estilo mais agressivo de jogo, recebe as mesmas acusações da torcida pela torcida e após dois meses no comando do Timão, menos de 50% de aproveitamento, algumas derrotas em casa, um Ronaldo que quase não atua, um hospital de atletas no departamento médico do clube, e duas gotas d´água: a presença de torcedores no CT Joaquim Grava para conversar com jogadores líderes do grupo, a escalação em dois jogos seguidos de Thiago Heleno e Moacir e o descarte de Paulo André até do banco de reservas, - zagueiro que não chega aos pés de Gamarra, orgulho dos corintianos -, mas que cumpre seu papel, a “Era Adílson” chega ao fim na equipe mais popular de São Paulo.

E, eu deixo no ar algumas perguntas:
Até que ponto a experiência em campo pesa no banco de reservas para os ex-jogadores? Ter um time de tradição sob o comando assusta? Qual a força que os torcedores tem sobre uma agremiação? Nem os salários polpudos e as multas milionárias conseguem segurar os técnicos por muito tempo em um mesmo lugar?

Enfim, apenas algumas questões para a reflexão do blogonauta, que não precisaria necessariamente conhecer todos os técnicos, times e situações do futebol brasileiro, mas olhe para o seu clube e pergunte: Razoável em campo, solução no banco?

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