Por Fabio Ramos
A história se repete.
Mesmo jogador, com muito renome, qualidade para jogar e reconhecimento, mas que
sofre já há tempos com as polêmicas, baladas, bebida, balança, lesões e
confusões. O mesmo clube, formador deste jogador, que novamente o acolheu, para
uma recuperação que parece já estar no seu fim. E, depois de muito namoro, o
ato oficial do casamento se firmou. Adriano enfim foi apresentado pelo
Flamengo, assinando um contrato por "serviços prestados" (um termo
mais popular de se falar) e deve entrar em campo logo em breve, vestindo mais uma
vez a camisa 10 rubro-negra, ou não.
A sensação de "Deja vu" não só dos torcedores do Fla, mas também de qualquer um que acompanha o futebol nos últimos anos é bastante grande, até por tudo que o imperador já proporcionou e se envolveu. O fato mais recente foi sua passagem pelo Corinthians, onde ele quase não conseguiu atuar por conta dos problemas físicos. Acabou saindo pela porta dos fundos, comprando briga com o clube e com os torcedores.
Além dos casos com o corpo, o que acaba fazendo a "caveira" de Adriano é o seu próprio comportamento e atitudes fora dos gramados. Primeiramente com os cuidados com sua saúde. Sofrendo com seguidas lesões, Adriano acaba não se tratando da forma adequada e não se cuidando com um jogador. Assim, sua volta aos gramados é sempre muito complicada. Outro fator bem agravante são as polêmicas, as chegadas tardias nos treinamentos e a falta de comprometimento, que acaba fazendo do jogador uma espécie de vilão para os torcedores de todos os clubes.
Porém, mesmo com todos estes problemas relatados, que já se repetiram seguidas vezes, o imperador ganha mais uma oportunidade, esta que pode ser a última da sua carreira. Ele tem neste momento sua grande chance de dar a volta por cima de uma vez por todas e se consolidar novamente como um grande jogador. Potencial e bom futebol ele tem de sobra para fazer isso. Mas não é só do desempenho dentro das quatro linhas que o atleta vive. Os fatos, as condutas e as atitudes fora dele acabam influenciando (e muito) sua imagem e atuações nos gramados. E é isto que Adriano pode pecar. Mais uma vez.
O imperador entra numa fase onde o seu clube vem tentando ter uma crescente no Campeonato Brasileiro. Depois de iniciar muito mal a competição, a entrada de Dorival Júnior no comando do Flamengo fez o time mudar a postura e conseguir apresentar um futebol convincente. O estado atual da equipe é de ascensão. Com isto, Adriano pode entrar um pouco menos pressionado, tentando se encaixar no ataque, que já conta com Vágner Love e Liédson. Mas, mesmo com esta pequena tranquilidade que ronda os arredores da gávea, a pressão e a cobrança em cima de Adriano não vão ser menores, até pelo passado que ele apresenta.
A exigente torcida rubro-negra gosta muito do imperador, mas com certeza ele será alvo de muitas cobranças, como deve ser mesmo. Além da torcida, cabe principalmente a diretoria do Flamengo ser rígida com o jogador, não tolerando atos de indisciplina e tratando-o na "rédia curta", evitando desconfortos e focando única e exclusivamente no seu futebol. Os cariocas, há pouco tempo, já tiveram uma experiência destas. Ronaldinho Gaúcho acabou se envolvendo em casos extra-campo e a cúpula rubro-negra não soube se portar da maneira correta, não punindo o jogador e colocando a sujeira para debaixo do tapete. Resultado: saída mais do que conturbada do clube. O caso de Adriano pode ser considerado bem mais complexo e exige cuidado redobrado.
Como já foi falado, bom futebol o imperador tem de sobra para se firmar nos gramados brasileiros e voltar a ser protagonista dentro de campo. Porém, seu corpo e principalmente sua cabeça precisam ser trabalhadas, para que não aconteça o que já aconteceu no passado, com mais decepções, confusões e saída pela porta dos fundos. Recebendo salário por "produtividade", Adriano precisa aproveitar esta chance, pois não se sabe se ele terá outra oportunidade no futuro. O "Deja vu" ou uma história diferente? Eis a questão do novo império de Adriano.