Foto: LOCOG |
Por Alisson Matos
Foram quatro anos de preparação que seriam decididos ali, nos próximos minutos, no campo de batalha que tanto sonhara em estar. O esforço feito, quase impossível de dimensionar, a um passo de tornar-se glória, como acontece em narrativas que fazem de ídolos heróis e atletas mitos.
Nas costas, o peso de uma nação que carrega nele a esperança. A poucos metros dali, o posto desejado é deslumbrado com um olhar sorrateiro, desconfiado, de quem não alimenta muita expectativa para um possível êxito. Sábios são os que vão à disputa sem exagerado entusiasmo, mas com a alma dos valentes. Estes, quase sempre, com a obstinação que vem de berço, alcançam o topo.
O ambiente exalava pressão e os últimos arranjos separavam-no da tão almejada conquista. Foi dado o início e, em sua mente, passavam as consequências do revés e, também, da vitória. Na competição, uma perigosa linha tênue costuma separar o céu do inferno. Então, resolveu converter a apreensão em garra e o medo em luta. Lembrou-se das dificuldades, da falta de patrocínio, da escassez de apoio e do que significava tudo aquilo.
Ouvia, ao fundo, incentivos que vinham por meio de sussurros quase silenciados pela imensidão do ambiente. Chegou a pensar que era o seu subconsciente alarmando que havia quem acreditasse no triunfo. Agarrou-se no objetivo e começou a crer na realização de um sonho. As lembranças da infância, do fim dos contos de fadas, da descoberta que o Papai Noel e o Coelho da Páscoa não existiam vieram, novamente, à tona.
Deixou as reminiscências para trás e buscou concentrar-se. A tarefa deixara de ser fácil desde que deixou o seu país, tamanha a responsabilidade que era representá-lo. Queria voltar com o nome cravado na eternidade, mas conhecia os seus limites. A reta final aproximava-se, os músculos doíam, o cansaço era evidenciado e as lágrimas estavam prontas para ganhar o mundo.
Dali até o fim da disputa, recorda-se, somente, da contemplação. Havia chegado a hora. A sua hora.
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