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Por Alisson Matos
Há quem diga que o futebol imita a vida, o que não deixa de ser uma verdade. Tanto que o fascinante esporte comete certos pecados. Injustiças até. Os deuses que dele cuidam parecem ser reles mortais, que erram e acertam como qualquer ser humano.
As provas estão aí, nos dias dos jogos, em partidas memoráveis e em outras em que esquecê-las se torna martírio. Imaginar que a Seleção Brasileira de 1982, comandada por Telê Santana, fora eliminada pelo mediano escrete italiano chega a ser uma afronta. E saber que os selecionados por Parreira, em 1994, exceção a Romário e mais alguns, foram campeões é de causar arrepios.
E a partir daí o resultado ganhou a importância que antes era atribuída ao espetáculo. Pois se o Barcelona vence e convence a todos com um mínimo de raciocínio, no futebol brasileiro, hoje, os destaques são treinadores em que a burocracia diz por si só. Vide Tite, Abel Braga, Felipão e Muricy Ramalho.
Por aqui, no período de antanho, cor, ginga e molejo foram incluídos no esporte mais apaixonante do planeta. Nos dias atuais, pregam o retrocesso. E maus exemplos não faltam.
Temos um campeão nacional de causar pena, que prefere vencer pelo placar mínimo e sofrer a dar espetáculo e encantar. O estilo de Neymar e companhia exige uma maneira de jogar mais ofensiva, algo que parece inconcebível ao cérebro do técnico santista. Isso sem falar no Fluminense de Abelão, que mesmo com jogadores extraordinários, volta e meia é escalado com volantes em demasia.
O futebol brasileiro chegou ao ponto em que a preocupação em não perder superou a vontade de ganhar. O que só a falta de neurônios explica. Porque, se perguntados, alguns treinadores usarão argumentos táticos que nem eles mesmos entendem e justificarão a cautela com resultados, afinal, enquanto Fluminense e Corinthians vão bem nos estaduais e lideram seus grupos na Libertadores, o Santos é o último campeão dela e faz razoável campanha na competição.
O que, para os admiradores do futebol de resultados, é um bálsamo, como escreveu um mito, satisfeitos em sua ignorância, o pior tipo de burro que existe, aquele feliz, o que é uma praga quase invencível.
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