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Por Alisson Matos
Estava
escrito. E tinha que ser assim. Eram 102 anos do clube mais invejado do país e uma
torcida que, por representar o povo, já sentiu na pele o sofrimento, a angústia e a decepção. Uma vida mais do que centenária de reveses que, quando se
transformam em glórias, escorrem pelos olhos em forma de lágrimas e pulsam como
nunca em milhões de corações alvinegros espalhados por todos os cantos do país.
Era
chegada a hora. Noite de quarta-feira, Pacaembu, e uma final de Libertadores inédita
para o bando de loucos. O estádio, pintado em duas cores, era palco do maior
duelo dos últimos tempos e a fiel testemunhava uma partida daquelas que devem
ser guardadas para sempre na memória.
E
foi no peito, na insistência e na raça, assim, do jeito que o corintiano se
acostumou, que Emerson abriu o placar após lindo passe de calcanhar de Danilo
já no segundo tempo. A torcida explodia e soltava o grito preso desde os tempos
de Pelé, de Raí e de Marcos, ídolos de times rivais, de torcedores que sempre
utilizaram deste argumento para rebaixar o que não se rebaixava, para humilhar
o que não se humilhava e para diminuir quem jamais se apequenou.
O
palco do espetáculo tremia e aguardava a convicção. Que veio com o segundo
tento da partida, de novo com Emerson, que parecia beliscar cada torcedor
convidando-o a acordar do sonho, que deixara de ser pesadelo, e fazer parte
daquela história que será contada de avô para neto, de pai para filho, de louco
para louco e de fiel para fiel.
O
time do imponderável, da fantasia e do encanto. A mística corintiana em mais um
capítulo. Desta vez, numa conquista que faz jus à eternidade.
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