No
dia 3 de abril, de 1905, cinco adolescentes, filhos de italianos, estavam
prestes a criar um dos mais vitoriosos clubes de futebol do mundo. Vizinhos ao
bairro de trabalhadores imigrantes, “La Boca”, Esteban Baglietto, Alfredo
Scarpatti, Santiago Sana e os irmãos Juan e Teodoro Farenga, reuniram-se para
analisar a proposta, feita pelos três primeiros e logo aderida pelos irmãos
Farenga, de se criar um clube de futebol. Enfim, nasci.
Durante
o período pré-profissional do Campeonato Argentino, eu conquistei sete títulos.
Após minha profissionalização, em 1930, passei por alguns altos e baixos. Se
nos anos 40, conquistei meu segundo bicampeonato na era profissional, nos anos
50, foi apenas um título, em 1954. Porém, na década de 60, a mais vitoriosa da minha
história em termos nacionais, ganhei os campeonatos de 1962, 1964, 1965 e 1969,
ano em que venci também a Copa Argentina. Nos anos 70, comecei a escrever minha
história internacional no futebol.
Após
conquistar os título nacionais em 1970 e 1976, venci a Libertadores por duas
oportunidades. A primeira, em 1977, derrotando o Cruzeiro na final, que só foi
decidida nos pênaltis, após empate por 0 a 0 no terceiro jogo. Já em 1978, entrei
na competição na segunda fase, devido ao título no ano anterior, e na final derrotei
o Deportivo Cali, após empate sem gols na Colômbia, por 4 a 0 na Argentina.
Depois de um longo jejum, em 2000, consegui levantar novamente o caneco da
Libertadores, dessa vez em cima do Palmeiras, que havia sido campeão no ano
anterior, mais uma vez nos pênaltis, após empatar por 2 a 2 na Argentina e sem
gols no Brasil. No ano seguinte, conquistei o bicampeonato, em cima do clube
mexicano Cruz Azul, novamente nos pênaltis, depois de vencer por 1 a 0 fora de
casa e ser derrotado em plena “La Bombonera” pelo mesmo placar. Em 2003, consegui
me vingar da equipe de Pelé e voltei a ganhar a competição, dessa vez sem
sufoco, em cima do Santos, agora de Robinho, vencendo na Argentina por 2 a 0 e
no Brasil por 3 a 1. Por fim, meu sexto e último título da competição
continental foi em 2007 diante do Grêmio, onde venci nos dois jogos (3 a 0 na
Argentina e 2 a 0 no Brasil).
Com
o vice-campeonato em 2002, deixei escapar a chance de igualar o recorde do,
também argentino, Independiente, que conquistou um tetracampeonato seguido
(1972 a 1975) e é o maior vencedor da Taça Libertadores da América, com sete
títulos, um a mais que eu. Na verdade, o Independiente soube aproveitar muito
bem um elenco forte, em uma época onde os times brasileiros, por exemplo, não
davam a mesma importância para a competição. O meu mérito foi similar, mas com
uma diferença, quando virei o “papa-títulos” da Libertadores, o torneio já
havia se transformado na obsessão dos brasileiros, muito em virtude da projeção
que o São Paulo, bicampeão em 1992 e 1993, voltou a dar ao torneio pelo Brasil.
Pela décima vez na minha história, igualando a marca recorde do Peñarol (URU), estou
na decisão da Libertadores e serei adversário do Corinthians, que chega à final
pela primeira vez em sua história.
O
retrospecto do Corinthians quando me enfrenta não é nem um pouco animador. Em
quatro partidas disputadas entre nós, o time de Parque São Jorge jamais venceu.
Foram duas vitórias a meu favor, ambas na Argentina, e dois empates, em São
Paulo. Os primeiros encontros aconteceram justamente pela Libertadores, nas
oitavas de final de 1991. Na qual venci em casa por 3 a 1 e empatei no Pacaembu
por 1 a 1.
Atualmente,
sou o maior vencedor de títulos internacionais oficiais de todo o mundo, com 18
conquistas, empatado com o Milan, da Itália, que também tem 18 triunfos
internacionais. Em campeonatos argentinos, sou o segundo maior vencedor, com 26
conquistas, seis a menos que meu grande rival, River Plate. Sou a equipe mais
popular da Argentina, amada por 40% dos 35 milhões de argentinos. Além disso,
já eliminei equipes brasileiras em competições sul-americanas em 13
oportunidades, Cruzeiro (1977, 92 e 2008), Atlético-MG (1993), Corinthians
(1991), Flamengo (1991), São Paulo (1993 e 2006), Palmeiras (2000 e 2001),
Vasco (2001), Paysandu (2003), Santos (2003), São Caetano (2004), Inter (2004 e
2005), Grêmio (2007) e Fluminense (2012), e só perdi uma, para o Santos de
Pelé, na final de 1963.
Para
quem não me conhecia, cá estou eu, o adversário do Corinthians na final da
Libertadores 2012. Muito prazer, Boca Juniors.
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