Por Fabio Ramos
Os
16 anos afastados dos Jogos Olímpicos não foram um acaso. O basquete masculino
brasileiro, bicampeão mundial em 1959 e 1963, viveu dias difíceis na virada do
século. Insatisfação com a administração da Confederação Brasileira de
Basquetebol (CBB), tentativa frustrada de criar uma liga, campeonato nacional
interrompido judicialmente e até hoje sem definição e boicote de clubes ao
torneio da CBB. Este era o cenário da modalidade em meados dos anos 2000.
A
trajetória do outrora segundo esporte mais popular do País (perdeu o posto para
o vôlei) começou a mudar em dezembro de 2008. Na ocasião, foi fundada a Liga
Nacional de Basquete (LNB), que reuniu os principais clubes do Brasil para
criar o Novo Basquete Brasil (NBB), campeonato organizado em parceria com a
Rede Globo e com a chancela da CBB.
Em sua quarta temporada, o torneio avança tecnicamente – sete dos 12 jogadores da seleção brasileira que conquistou a vaga para Londres 2012 disputam a competição – e também do ponto de vista de marketing. A marca NBB foi licenciada em parceria com a Globo Marcas e o Jogo das Estrelas, evento festivo que acontece em 9 e 10 de março, em Franca, será transmitido ao vivo pela TV aberta – assim como a final da liga.
Pode-se
dizer que o NBB é uma faísca disfarçada de explosão, e que fez renascer o
basquete nacional. Mas nesse tempo todo, quantos atletas foram desperdiçados?
Aliás, quantas
crianças e jovens deste imenso Brasil não têm acesso à prática do esporte? O
desperdício de futuros atletas é assim como outros desperdícios na natureza: a
água, as terras, a poluição do ar que respiramos. Desperdiçar gente, material
humano, me parece ainda mais dramático, devido à falta de educação e de
oportunidade.
Mas, vamos falar de coisa boa! Nesta sexta, tive o
prazer de assistir um jogo fantástico de basquete, onde a equipe do Pinheiros, mesmo sem um
de seus melhores jogadores, Shamell, que se recupera de cirurgia, e jogando
fora de casa, venceu o Brasília por 109 a 105, provocando um quinto e decisivo
jogo. O dono da vaga para a grande
final será conhecido no domingo. A partida está marcada para as 14h, em São
Paulo.
O jogo
Depois
de um atraso de 15 minutos, devido a um problema no cronômetro de 24s, o jogo
começou em ritmo intenso. A equipe paulista dominou as ações, deu poucos
espaços aos anfitriões e abriu rapidamente 8 a 0. O Brasília não mostrava
a agressividade tão característica. Errava passes, escorregava e forçava
arremessos. Ficou quase cinco minutos sem marcar um pontinho sequer. A primeira
cesta, para alívio da torcida, foi de autoria de Guilherme Giovannonni (8 a
2). O Pinheiros administrava uma frente de 11 pontos e terminou o
primeiro quarto sem sustos: 22 a 11.
Apesar
do bom começo no segundo período (29 a 14), o time do ala Marquinhos parou em
quadra. O ataque desandou. E o Brasília finalmente despertou. Liderado por
Alex, o time foi encostando no marcador. E o Brasília chegou de vez: 34 a
32.
A
bronca no vestiário surtiu efeito. O Pinheiros voltou firme e com Paulinho
Boracini dando trabalho ao adversário. Agressivo como no primeiro quarto, o
time paulista fugia no placar (55 a 43). A arquibancada do Nilson Nelson
começava a se calar. O atual bicampeão lutava. Da linha dos três, Rossi
levantou a torcida outra vez (58 a 50). Dois lances livres cobrados por Alex,
ajudaram a diminuir o prejuízo no finalzinho: 58 a 52.
O
Pinheiros se segurava como podia. Figueroa ficou pendurado com quatro faltas no
momento em que os donos da casa ficaram a um pontinho do empate (61 a 60). A
arquibancada tentava fazer a sua parte. Vaiava Marquinhos e seus companheiros.
Eles não se abatiam. Aproveitavam os ataques desperdiçados pelo Brasília para
respirar e, a 2m25s, Arthur cortou a vantagem para 73 a 71.
Restando
45s, Alex, de três, levantou a torcida: 77 a 76. Olivinha foi para a linha do
lance livre. Teve frieza suficiente para fazer 79 a 76. Os visitantes apertaram
a marcação a 20s do fim. Mesmo assim, Alex encontrou um espaço para arremessar:
79 a 78. Bola presa, posse do Pinheiros, Paulinho Boracini sofreu falta a 9s,
converte os dois lances (81 a 78). Depois foi a vez de Nezinho. Ele acertou o
primeiro, errou o segundo na tentativa de conseguir um rebote. Bola presa
novamente restando 2s. Com o cronômetro zerando, a arbitragem marcou falta em
Nezinho para desespero do técnico Claudio Mortari. O jogo estava nas mãos do
armador do Brasília. Ele suportou a pressão e levou a partida para a
prorrogação: 81 a 81.
No
tempo extra, o confronto seguiu equilibrado. O pivô Morro, mesmo com uma
fratura no dedo mindinho da mão direita, colocou o Pinheiros na frente (89 a
87). Arthur tratou de empatar e ainda tirou Paulinho Boracini, então segundo
maior pontuador do time adversário, do jogo. Ele cometeu a quinta falta. Morro
também tomou o caminho do banco pelo mesmo motivo. Alex aproveitou e fez 93 a
91 para o Brasília. Os jogadores do Brasília já comemoravam. Faltavam apenas
10s. Não podiam imaginar que Giovannoni perderia dois lances livres e que
Marquinhos converteria uma bola de três para virar o jogo: 94 a 93. Só que
Mineiro levou os companheiros ao desespero ao fazer uma falta boba em Alex.
Nova chance para o Brasília. E o capitão desperdiçou uma cobrança para alívio
do Pinheiros. Seria preciso mais uma prorrogação: 94 a 94.
Mesmo
sem peças importantes em quadra, o time de Marquinhos resistia (104 a 103).
Tinha no ala o seu ponto de equilíbrio para lutar contra um Brasília
completo. A 1m21s, Lucas Tischer tentou parar Marquinhos e acabou
cometendo falta. O cestinha do Pinheiros teve a chance de passar a frente, mas
desperdiçou duas das três cobranças: 105 a 104. Apesar da falha, a equipe
não se abateu. Mineiro, de longe, arrancou a virada: 107 a 105. Brasília no
ataque e...erro! Marquinhos sofreu falta, perdeu de novo os dois lances.
A última bola seria dos anfitriões. Respiração em suspenso. Alex seria o homem
da decisão. A bola? Não entrou na cesta e morreu na mão do valente Pinheiros:
109 a 105. Fim de batalha. O sonho de disputar a primeira final segue intacto
para Marquinhos e seus companheiros.
Informações sobre o jogo retiradas do
Globoesporte.com
2 comentários:
O basquete tem tudo pra tomar o lugar do vôlei, que na opinião de muitos só tem graça se for o da Seleção. Ótimo texto maninho e foi um jogao ! Continue assim, falar de outros esportes é difícil porque o foco hoje é no futebol, mas vc conseguiu isso mto bem !
Por causa do antigo presidente da CBB Gerasime Bozikis, o Basquete brasileiro ficou anos escondido e perdeu espaço para o vôlei. Ainda é preciso levantar a Liga Feminina, mas, felizmente o basquete brasileiro está renascendo e vai brigar por medalhas em Londres.
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