“O futebol, no Brasil, não é para gente séria.” Cirúrgico, o saudoso Telê Santana explanou o pensamento do que resta de gente séria no jornalismo esportivo e da maior parte dos torcedores, vítimas de gestores nada excelsos e que, há tempos, infelicitam o que muitos consideram a maior paixão nacional. Dirigentes que aceitam tudo para fazer parte do jogo sem se importarem com suas biografias já que, munidos de asseclas, aliam-se ao amadorismo para justificar a má administração.
Junte-se a isso a cordialidade brasileira e dos torcedores, a quem somente interessa o futebol ou deveria, e a capacidade de realizar protestos que soam ineficazes perante a perpetuação no poder de sujeitos que só levaram vantagens sem deixar nenhum ou pouco benefício. E não são poucos os de boa índole que denunciam e até fiscalizam, mas veem suas descobertas e convicções silenciadas por aqueles amantes do mais do mesmo, que querem tudo como exatamente está, felicidade de poucos, tristeza de muitos e lamentação de raros conscientes.
Já foi dito inúmeras vezes que o ludopédio nacional caminha rumo à vala comum da mediocridade, não somente pelas táticas e métodos adotados dentro de campo, capazes de fazer da maior escola de futebol do mundo uma provável coadjuvante na próxima Copa, ironicamente disputada em solo tupiniquim. Reflexo nada mais e nada menos do desmando que vem de cima, da falta de qualificação e da ausência de vontade de alguma mudança.
A alienação é tamanha que há quem ache que houve evolução, já que não há mais viradas de mesa e coisas do tipo, incapazes de compreenderem que são ações meramente ilustrativas ou que só maquiam o problema, o cerne da questão, este sim, que merece atenção especial.
E o tempo passa, nada muda e sobra para os esperançosos, aqueles que buscam um futebol limpo, moral e que só encha de orgulho, a alcunha de quixotescos. Não que seja missão impossível, mas muito difícil. É viver e sonhar.
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