sexta-feira, 13 de abril de 2012

Santos 100 anos: Colhendo os frutos da época das vacas magras


Por Amaury_Ricardo

  Falar do Santos de Pelé não posso, porque não vi. Só assisti filmes e ouvi meu pai falar muito desta fase, sempre com uma pontinha de inveja, pois embora eu também torcesse pro santos, passei minha adolescência inteira acreditando que tinha nascido na época errada.
  Torcia por um time que não vi jogar e não pude comemorar nenhum título, gostava de Elvis e Beatles e todas as freguesas do meu pai me queriam para genro, mas as filhas...
  Na Escola tinha eu e mais dois, no máximo, mas apenas eu usei o boné e a camisa durante os três anos do colegial (92 a 94). Preciso explicar o que era isso.
  Perdia todas as apostas e meu maior motivo de comemoração eram os gols de Paulinho McLaren e Guga.

  Guga merece um capítulo a parte, durante anos foi meu camisa 9 do botão, sim, joguei muito futebol de botão, participava de campeonatos familiares e descontava toda a seca de momentos de glória do Santos nas mesas, ganhava campeonatos e via meu Guga Gol arrebentar os adversários.
  Olhando para esse período fica difícil imaginar porque não virei à casaca, poderia ter torcido por alguns dos rivais sem culpa, muitos entenderiam e até ma apoiariam, afinal é duro não ter o que celebrar no futebol.
  Porém eu sou santista, e nós somos diferentes, porque no nosso DNA está o futebol bem jogado. Qual outra torcida idolatraria um jogador que não ganhou título? Qual torcida o chamaria de Messias? Tudo por causa de um vice brasileiro?

  Não coroar aquela campanha com um título foi triste, mas ao sair  do estádio daquela que seria minha primeira final e com derrota, sai com a sensação que tudo estava mudando. Giovanni e seus companheiros devolveram a alegria de torcer pelo peixe. Agora eu tinha visto um craque, um ídolo meu, um cara que me fazia ir ao estádio esperando a genialidade e que me fez ser mais apaixonado pelo futebol.
  Talvez nem o próprio Giovanni entenda o que ele representa para esta torcida, mas com certeza os milhares de santistas da minha época serão capazes de elencar com facilidades essa representatividade.
  Após a venda deste 10 fiquei preocupado, será que precisaria esperar mais algumas décadas para ver um título. Quando Giovanni foi vendido fiquei louco da vida, afinal vendia-se nosso melhor jogador das últimas décadas para construir um CT e investir na base...
  Ainda bem que eu era apenas um torcedor, se fosse presidente teria matado toda história recente.
  Afinal, da base surgiu Robinho e Diego e agora surgem Ganso e Neymar e com todos estes, títulos e no plural e aquele garoto de boné do santos, que tinha sofrido durante boa parte da década de 90, teve a honra de ver no estádio os títulos de campeão Paulista, Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores.
  Ser santista é acreditar no sonho, na magia, talvez até em contos de fadas, afinal adoramos usar o termo rei, príncipe e súditos. Acreditamos no impossível, adoramos contrariar a lógica e física, afinal um raio cai mais de uma vez no mesmo lugar???
  Este é o Santos, dos santistas e do mundo e mais que parabenizar este time centenário eu quero é agradecer por todas as alegrias e tristezas que esse clube me proporcionou, me ensinando que na vida você perde, empata ou ganha, mas nada disso pode fazer com que você perca a paixão por aquilo que gosta e não importa o quão escura esteja à noite, afinal o sol sempre aparece na manhã seguinte para iluminar nossa vida.
  Termino com um trecho do hino santista que sintetiza o que o Santos representa para mim:

             “Nascer, viver e no Santos morrer é um orgulho que nem todos podem ter”

                                                          Obrigado Santos!!! 


Um comentário:

Joel dos Santos Leitão disse...

Amaury,
bela homenagem!
Putz, cara. Eu nem lembrava desse Guga! Isso é coisa de torcedor mesmo.Parabéns ao Santos! Que os meninos da Vila continuem a encantar quem gosta dum belo futebol.
De seu primo corithiano,
Joel