A Bola cobrará o revanchismo do São Paulo!

Por Luis Marcelo Bigatto


Durante toda a semana que antecedeu a partida entre São Paulo x Fluminense a pergunta era uma só. Será que o São Paulo vai entregar o jogo para o Fluminense para simplesmente vingar-se pelo que o Corinthians fez em 2009, quando permitiu que o Flamengo vence-se o jogo sem grandes dificuldades?

Quando perguntado por diversas pessoas na última semana sempre respondi que não acreditava que o São Paulo  tomaria esse tipo de atitude, uma vez que o tricolor já havia salvado o Corinthians do rebaixamento no campeonato Paulista com o selo Grafite de honestidade.

Neste domingo estive na Arena Barueri trabalhando no jogo pela rádio 105 FM. Antes da bola rolar no entorno do estádio o clima era de muita confraternização entre as torcidas de São Paulo e Fluminense. Na torcida do Fluminense uma bandeira gigante do São Paulo  foi estendida e uma camisa do fluminense era exposta pelos torcedores do São Paulo no seu espaço reservado.

Assim que o São Paulo subiu para o gramado da Arena Barueri foi aplaudido de pé pelos torcedores do Fluminense. Do outro lado não foi diferente, quando o tricolor carioca subiu para o palco de jogo a torcida do São Paulo saudou todo o time do Fluminense, principalmente o técnico Muricy Ramalho, tricampeão brasileiro defendendo as cores do time do Morumbi.

A torcida organizada do São Paulo que só atrapalha o clube estendeu uma faixa com os seguintes dizeres “Quem será o novo Grafite é pra entregar!” em tom de ameaça.

Até então tudo bem, tudo estava do lado externo do jogo faz parte da rivalidade Paulista. No entanto, quando a bola rolou ficou evidente que o discurso politicamente correto ficou apenas nas palavras que foram levadas ao vento. Os jogadores parecem ter sido contaminados por todo o ambiente criado para a partida.

É claro que nunca ninguém poderá provar que o São Paulo entregou o jogo para o Fluminense que goleou por 4x1, mas para quem vive o futebol diariamente não foi difícil perceber o que estava acontecendo. No primeiro gol do Fluminense o zagueiro Gum subiu livre de marcação, mesmo perdendo o jogo o São Paulo não atacava e só conseguiu chegar ao gol de empate em um contra ataque com o garoto da base Lucas Gaucho.

Foi quando começou o teatro do São Paulo, primeiro com a expulsão do zagueiro Xandão, muito justa já que o atacante Fred estava em direção ao gol e na seqüência Richarlisson claramente provocou a sua expulsão ofendendo o arbitro Heber Roberto Lopes. Começou uma infinidade de passes errados por parte do São Paulo, jogadores perdiam a bola no ataque e voltavam andando até que em uma jogada Conca recebeu sozinho dentro da grande área para fazer o segundo gol do Fluminense.

O São Paulo estava entregue, não passava do meio campo e a marcação era bem frágil, assim Conca chutou de fora da área e Rogério Ceni, rebateu nos pés do atacante Fred. Na seqüência o argentino arriscou um belo chute de fora da área para liquidar a fatura.

Ainda no gramado da Arena Barueri o superintendente do São Paulo Dr. Marco Aurélio Cunha deu um abraço no técnico Muricy Ramalho, dizendo que estava representando a torcida do time Paulista e ganhou de presente uma camisa do Deco. Uma atitude lamentável, não era momento para isso, com esse ato, o dirigente do São Paulo demonstrou qual era o real desejo do Tricolor Paulista ontem a tarde na Arena Barueri.

Quem conhece futebol sabe que o São não fez nenhum esforço para vencer ou até mesmo empatar a partida. O sentimento de revanchismo parece ter tomado conta de todo o time. Mas é bom lembrar que o futebol não perdoa esse tipo de atitude e no momento certo à bola cobra! 

Em 2004 o São Paulo teve a chance de rebaixar o Corinthians no Paulistão e jogou com seriedade vencendo o Juventus livrando o Timão do rebaixamento e no ano seguinte o Tricolor ganhou vários títulos entre eles a Libertadores e também o Mundial de Clubes.

O Corinthians em 2009 perdeu para o Flamengo para prejudicar o rival e o resultado até agora no ano não é bom!

 No futebol o mais importante é um comportamento ético adequado dentro de campo. Mas a bola não perdoa esse tipo de atitude e no momento certo ela vai prestar conta por esse revanchismo barato.

O futebol é justo e a bola sempre vai cobrar as atitudes dentro das quatro linhas.

Tive a oportunidade de trabalhar no gramado do estádio Brinco de Ouro da Princesa na cidade de Campinas em 2009 na partida entre Corinthians x Flamengo e ontem na Arena Barueri no duelo entre São Paulo x Fluminense.

E após esses dois jogos fico com a seguinte opinião. O amor do torcedor pelo seu clube é menor que ódio pelo adversário!